Pular para o conteúdo principal

Entre abismos e corações

 Entre abismos e corações


Desde o momento em que te conheci, algo em mim despertou. Você tem o estranho poder de me mostrar quem realmente sou, mesmo quando tento esconder. Ontem à noite, quando você foi tão sincero comigo, minhas barreiras caíram. Cada palavra sua foi um convite para que eu enxergasse além do que você tenta proteger, e, mesmo assim, você acredita que não é digno do amor que eu sinto.  

Eu sei que pode parecer loucura dizer que sou o que você precisa, mas não consigo ignorar o que vejo em você — a luta constante, a maneira como constrói muros altos para se proteger. Você me disse que, quando se entrega, é como cair num abismo sem fim, e o medo de se machucar novamente te prende. Entendo isso, mais do que deveria.  

Mas o que é louco é que, mesmo com toda a minha audácia, mesmo com a certeza que tento projetar, dizer isso em voz alta ainda parece demais para mim. Quem sou eu para afirmar que sou o que você precisa? Talvez eu não seja. Talvez eu esteja aqui porque não consigo aceitar a ideia de que alguém como você, intenso e apaixonado, possa simplesmente desistir de sentir.  

Ainda estou com medo. Medo de que, talvez, seu coração já pertença a alguém, mesmo que você ainda não saiba. Essa possibilidade me assusta. Mas o que me assusta mais é perceber que o meu coração já não é tão meu assim.  

Lembro da noite em que você me beijou pela primeira vez. O jeito como suspirou logo depois, como se carregasse o peso do mundo nos ombros. Eu disse que você não podia se apaixonar por mim. Achei que poderia manter as coisas leves, sem complicações, sem sentimentos maiores. Mas agora vejo que fui eu quem tropeçou nesse abismo. Eu quem me apaixonei por você.  

Que droga, não é? Porque quanto mais eu tento lutar contra isso, mais fundo eu caio. É como se você estivesse impregnado em cada pensamento meu, e, ainda assim, eu não sei se você está realmente aqui ou se está sempre a um passo de ir embora.  

E talvez o pior seja saber que, mesmo que você não fique, eu ainda escolheria me apaixonar por você. Porque, droga, você vale cada risco.  

Não sei se é a maneira sincera como você me olha, aquele olhar que parece enxergar cada parte de mim, até mesmo as que tento esconder. Seus beijos lentos, o carinho suave que você me dá como se quisesse curar tudo isso. É a sua voz, que transforma qualquer música em algo mais profundo. É cada detalhe seu — os olhos castanhos que carregam um universo, o jeito como seu cabelo é cortado, a barba que combina com você, o seu cheiro único que eu sinto mesmo quando você não usa perfume algum.  

Você me desarma com sua risada, com a timidez que surge quando começo a falar sobre o quanto seu cérebro me fascina. É tudo você. Todas as partes conhecidas e aquelas que ainda desejo descobrir.  

Hoje, dia 30, tudo que eu queria era que você ficasse em 2024. Que continuasse aqui, comigo, mas, ao mesmo tempo, me sinto tão sua que a ideia de te deixar parece impossível. Tudo ao redor perde o brilho quando penso na vida sem você. Ela pode existir sem sua presença, mas eu não quero.  

O que eu faço com essa vontade esmagadora de te segurar aqui, de pedir para você ficar, mesmo sabendo que não tenho o direito? Mesmo sabendo que o mundo não para e que as coisas mudam, e talvez o que eu sinto seja maior do que deveria ser.  

Mas, droga, eu não consigo querer outra coisa. Eu só quero você.  

Sinto como se ainda nem tivesse tido a chance de te mostrar o que é o amor. Você jura que conhece, mas não… isso que você acredita ser amor não chega nem perto do que ele pode ser. Por que você não deixa?  

Não quero trazer ansiedade, agonia ou medo. Não quero ser mais uma sombra no quarto escuro que você evita entrar. Aquele quarto que te assusta tanto…   

Eu sei que você tem medo de abrir essa porta, mas te prometo: do outro lado do medo, a vista é linda.  

E ela é sua, se você quiser.