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Mostrando postagens com o rótulo Augusto

Cartas para Vica - 70 por cento, adeus por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : State Lines Ludovica, Essa é a quinta carta que te escrevo. Quinta tentativa de te alcançar com as palavras que, durante tanto tempo, ficaram presas entre os dentes, engasgadas na garganta, silenciosas dentro de mim. E antes de qualquer coisa  antes de qualquer confissão, justificativa ou lembrança — eu queria saber como você está. De verdade. Espero que as coisas tenham se acalmado aí dentro... Dentro do peito, da cabeça, das noites insones. Espero que o turbilhão tenha dado espaço pra alguma paz, ainda que tímida, como quem chega devagar depois de uma tempestade longa demais. Agora que você sabe que me apaixonei por você no instante em que meus olhos te encontraram  e isso não é exagero, é memória cravada  eu posso dizer o resto. Porque o amor mesmo, o amor inteiro, aconteceu depois... Quando você passou a ser parte da minha rotina, da minha desordem, do meu silêncio. Te amei mais nas pequenas coisas: na forma como você dobrava as mangas da blusa, ...

Cartas para a Vica - O que eu nunca disse em voz alta por Agusto Castillo

  Leia ouvindo : To Build a Home Querida Vica, Na última carta, meus dedos tremiam tanto que molharam o teclado não sei se era suor ou as lágrimas que eu jurei não deixar cair. Pra te explicar tudo, preciso voltar. E voltar, Vica, é como abrir uma caixa antiga, cheia de lembranças que ainda têm cheiro, cor, peso. Dói. Mas você merece saber. Você sempre mereceu a verdade nua, mesmo quando eu me escondia por trás do silêncio. Então vamos continuar... Nos tornamos inseparáveis desde o primeiro beijo  como se nossos lábios tivessem selado um pacto antigo, desses que a alma reconhece antes da mente entender. Depois do nosso primeiro encontro, passamos a nos ver com frequência quase religiosa. Você cantava nas noites  e como cantava...  e eu trabalhava incansavelmente durante o dia. Mas mesmo quando o mundo não conspirava a favor, quando nossos horários não se alinhavam, a gente dava um jeito. Longas chamadas de vídeo viraram nosso abrigo. Você do outro lado da tela, rindo...

Cartas para Vica - Costurada a mim por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : Je te laisserai des mots - Patrick Watson Querida Vica, Ainda me falta coragem. Ainda tropeço nas palavras, mesmo quando elas só precisam alcançar o papel. Mas continuo aqui tentando. Porque há coisas que você precisa saber. Coisas que ficaram entaladas entre os silêncios que eu empilhei, achando que estavam me protegendo, quando na verdade só me afastavam de você. Na última carta, confessei que me apaixonei por você no dia em que te conheci. Mas isso... isso foi só o começo. A verdade é que naquele dia quando você sorriu sem perceber, mexendo no cabelo como se o mundo não estivesse prestes a virar do avesso alguma coisa dentro de mim cedeu. Como se o universo, esse velho teimoso, tivesse finalmente apontado o dedo e dito: é ela. E a gente sabe que o problema dos começos é que a gente nunca imagina o que vem depois. O quanto vai doer. O quanto vai marcar. Mas eu tô pronto pra contar. Pra te dar o que te neguei: a verdade inteira. Naquele dia, tudo se resumiu a um b...

Cartas para Vica - Para o verão que me queimou por Augusto Castillho

Ludovica Russo e Augusto Castillo Leia ouvindo : Cherry Wine - Hozier   Querida Vica, Não sei por onde começar, então vou começar pelo que mais pesa: eu te devo explicações. Por cada silêncio que gritou entre nós. Por cada confusão que plantei sem coragem de colher. Por tudo que deixei subentendido quando você só queria clareza. Talvez agora, com a distância me engasgando e a saudade fazendo morada, eu consiga te contar tudo o que nunca consegui dizer em voz alta. Não é uma tentativa de reconquistar, nem uma desculpa enfeitada  é apenas a verdade, crua, talvez atrasada, mas ainda assim necessária. Preciso que você saiba, de uma vez por todas, o que realmente aconteceu. Por que me calei, por que me afastei, por que fiz parecer que o problema era você... quando, na verdade, era tudo aqui dentro. Então aqui vai. A história do dia em que eu me tornei, talvez, o homem mais covarde da Terra. Covarde porque já sabia  desde antes do primeiro passo em sua direção  que aquilo ...

Cartas para Vica, por Augusto Castillo

Querida Vica, Eu te amei como um incêndio devasta uma floresta. Rápido, voraz, incontrolável. Um amor que queimou tudo em seu caminho, que se alimentou do próprio desejo até não restar mais nada além de cinzas. E agora, sou só fuligem do que fomos. Espalhada pelo vento, dissolvida no tempo, assombrando tudo o que toca porque mesmo que o fogo tenha se apagado, ainda há vestígios dele em mim. Ainda ardo. Ainda sou ruína. Quero que você entenda. Quero que leia isso e saiba que não foi mentira. Nada foi encenação. Nenhuma palavra foi dita apenas para te manter aqui. Eu quis. Eu quis cada segundo, cada riso espontâneo, cada arrepio que sua pele causava na minha. Eu quis o calor dos seus dedos entrelaçados nos meus, a sensação absurda de sermos dois estranhos que, por alguma ironia do destino, se encaixaram perfeitamente mesmo quando tudo dizia que nunca deveríamos ter nos encontrado. Você me deu um amor sem amarras, sem correntes e isso me assustou. Porque eu sou feito de grades, de muros e...