Leia ouvindo : The night we met - Lord Huron
Ainda não estou bêbada. Não ainda. Talvez porque quero lembrar cada palavra enquanto escrevo. Talvez porque hoje, mesmo com o cansaço me pesando as pálpebras, precisei abrir o notebook.
Deveria ser um dia feliz, não deveria? Natal. Luzes piscando. Gente rindo e abraçando. Mas aqui estou eu, sentindo essa tristeza que arranha a alma. Sozinha, no meio de um caos que ninguém vê.
O ano de 2024 foi uma loucura. Um completo escuro, até que você apareceu. Como quem acende uma vela num quarto esquecido. Por um instante, parecia que tudo fazia sentido. Nós fazíamos sentido. Mas agora… eu não precisei de nove dias para te perder. Eu nunca te tive, e mesmo assim, dói como se tivesse.
Não dói porque você é o amor da minha vida. Não dói porque vai ser insuportável não ter você. Não dói porque você acendeu luzes que eu jurava que estavam mortas. Não. Dói porque você encontrou uma parte de mim que eu já tinha desistido de procurar. Você pegou meus pedaços quebrados e colou com algo que só você tinha — e agora que você não está aqui, tudo ameaça rachar de novo.
Dói porque o jeito que você me olha me faz acreditar que sou mais do que eu vejo no espelho. E isso me assusta. Como vou voltar a ser quem eu era antes de você? Será que outros olhares terão o mesmo poder? Será que outros toques vão chegar tão fundo quanto o seu?
Nos últimos dias, a ansiedade tem me devorado viva. E isso não é justo. Não comigo. E principalmente, não com você. A felicidade não deveria depender de outra pessoa, não é? Então por que eu só me sinto incrível ao seu lado? Me ensina a andar sem suas mãos me guiando. Me ensina a acreditar em mim sem depender da sua voz dizendo que eu consigo.
E se for pedir muito, me diz que vai embora, mas deixa uma promessa vaga. Diz que, talvez, quem sabe, no futuro, nossos caminhos se cruzem de novo. Só não me diga que acabou para sempre. Eu não suportaria.
Lembra quando você disse que parecia uma despedida? Aquela vez, no começo, quando eu ainda fugia para te ver? Talvez fosse. Talvez o universo já estivesse me avisando. Mas agora, parece que estamos atrasados demais.
Eu queria beber o mundo inteiro só para anestesiar a memória do seu olhar. Ou, quem sabe, sonhar com ele mais uma vez — com seus olhos castanhos, sua pupila dilatada, aquele olhar que você me lançava quando eu perdia o fôlego ao seu toque.
Eu acredito em nós, mas também acredito que chegou a hora de ir. Preciso ir antes que fique impossível. Antes que me afogue no que poderíamos ter sido. Vou correr. Vou me prometer isso. E vou tentar não quebrar essa promessa.
Eu queria muito ser sua. Deus, como eu queria. E dói mais do que qualquer coisa saber que acabou sem nunca ter começado. Nós teríamos valido a pena. Teríamos valido muito.
Mas agora, tudo o que tenho são palavras para te deixar. E talvez, algum dia, elas sejam suficientes para te esquecer.