Era um tormento silencioso, um mal que apenas os corações mais vulneráveis conhecem. Amar com intensidade, e ainda assim ter medo de se entregar por completo, era como estar preso entre ondas incertas, onde a calma e a tempestade pareciam coexistir. A cada batida do coração, surgiam dúvidas — não sobre o amor, mas sobre o que viria depois dele.
Ler escutando : Assovio
Ela já havia dado tudo de si, sem reservas, sem limites. Cada sorriso, cada toque era como uma chama que alimentava suas esperanças, mas também acendia um medo crescente. O medo de que, mesmo com toda a entrega, algo pudesse separá-los — um passado, uma lembrança ou até mesmo o medo de que o tempo não fosse suficiente para manter aquilo vivo.
O pensamento de ser deixada era seu maior temor. Ela amava de maneira visceral, intensa, e isso tornava qualquer perspectiva de abandono uma ferida aberta. A ideia de que ele pudesse olhar para trás, mesmo que por um breve instante, era como uma dor constante, um espectro que ela não conseguia afastar. E mesmo assim, ainda havia essa parte dela que desejava, com cada fibra do seu ser, acreditar no amor que os unia completamente.
Mas o medo era tão forte quanto o amor. O medo de ser esquecida, de ser insuficiente, de ser deixada para trás como se nunca tivesse sido o centro de sua vida. Havia noites em que a apreensão a consumia, cada pensamento questionando se era mais sábio conter-se ou se lançar totalmente, sabendo que a queda seria dolorosa se ele partisse.
No entanto, a verdade era que ela já estava inteiramente entregue. Não havia meio-termo, não havia retorno. O amor que sentia era tão incontrolável que não havia espaço para dúvidas, só para a intensidade do momento presente. E, no fundo, mesmo com o medo que a assombrava, ela não conseguiria jamais deixar de amar.
Porque amar assim, com tal intensidade, era um risco que ela não poderia negar — e talvez, em sua essência, esse risco fosse o que tornava o amor tão belo e aterrador ao mesmo tempo.