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Cartas para Augusto - 1*

 Querido Augusto,

Eu sei que essa escolha foi minha. Sei que fui eu quem decidiu seguir por esse caminho. Mas ainda assim, sinto sua falta todos os dias, como se uma parte essencial de mim tivesse sido arrancada sem aviso. Há um vazio dentro de mim que só tem o seu nome.

Pedi que apagassem nossas fotos, mas a verdade é que não tive coragem. Nem mesmo de deletar nossas conversas. Até aquelas repletas de farpas e palavras duras, porque, por mais que doessem, eram suas palavras. Às vezes, dou play nos seus áudios só para ouvir sua voz. Leio nossas mensagens antigas, aquelas que você me enviava quando ainda era apaixonado por mim—quando sua presença era uma certeza, não uma lembrança.

Guardo cada presente que você me deu como se fossem relíquias, como se segurá-los pudesse me trazer você de volta, nem que fosse por um segundo. E eu sei que deveria parar. Sei que deveria seguir em frente. Mas não consigo evitar.

Ainda entro no seu perfil, mesmo que apenas para verificar se você atualizou o feed—coisa rara, porque você nunca foi de postar. Mas hoje você postou. E, Deus... que saudade eu senti de você.

Ainda estou aprendendo a entender que saudade é essa. Porque, no fim das contas, o que tivemos foram apenas fragmentos de felicidade, momentos curtos e intensos, mas nunca inteiros. E, mesmo assim, eu sinto. Sinto tanto que chega a doer.

O dia não está legal hoje. E eu só queria que você dissesse, como sempre fazia: "Que se foda, isso não importa." Então, eu enxugaria a lágrima que acabou de cair e sorriria, porque, de algum jeito estranho, sua indiferença sempre teve o dom de me acalmar.

Será que, em algum momento, eu vou parar de sentir sua falta? Será que algum dia os encontros vão me dar frio na barriga de novo? Ou estarei sempre sentada em mesas de bar, ouvindo risadas de desconhecidos, enquanto caras sorriem para mim e tudo o que consigo pensar é: "Não é ele."

Será que outra voz vai se tornar a minha favorita? Que outro timbre vai soar no meu ouvido e me fazer fechar os olhos, sentindo aquele arrepio na espinha?

Será que algum dia vou conhecer alguém que me pareça mais inteligente do que você? Que me desafie, que me provoque, que me faça querer ser melhor, como você fazia sem nem perceber?

Será que vou parar de lembrar da sensação exata de quando seus dedos afastavam uma mecha de cabelo do meu rosto antes de me beijar? Da forma como seu toque parecia um segredo sussurrado contra a minha pele?

Será que um dia... eu vou te esquecer?

Hoje está doendo como nunca. Mais do que todas as outras vezes em que nos afastamos.

Mas eu sei... Eu sei que era necessário. Você me disse isso, lembra? "Isso é necessário." E você não estava errado. Nunca esteve.

Eu sempre te quis mais do que você me queria. Sempre fui intensidade enquanto você era fuga. E, por mais que doa admitir, teria sido injusto continuar ao lado de alguém que só queria ser um momento, enquanto, para mim, você sempre foi muito mais.

Talvez esteja doendo mais porque, desta vez, fui eu quem escolheu. Escolhi não te prender, não te esperar, não me agarrar a um futuro incerto que talvez nunca aconteça. E, ao fazer isso, escolhi aceitar que talvez a gente nunca mais tenha nada.

Porque eu não quero ser a pessoa certa na hora errada. Eu quero ser apenas a pessoa certa.

Eu espero que, um dia, meu sorriso volte a ser como era quando te conheci—leve, despreocupado, cheio de vida. Espero reencontrar a coragem que sempre foi minha, a determinação que me fazia avançar sem medo. Espero que esse furacão que você foi na minha vida não tenha levado pedaços de mim que eu nunca mais vou conseguir recuperar.

As coisas não vão bem. Mas vão ficar. Eu sei que vão.

Ludovica.