Ainda insisto em te querer, mesmo sabendo que você não me quer da mesma maneira.
É uma verdade cruel que corta como lâmina afiada: eu te quero por inteiro, enquanto você parece só me conceder pedaços. Me pego imaginando como seríamos incríveis juntos, todas as memórias que poderíamos criar, os sorrisos e as lágrimas que compartilharíamos. Mas você? Você não vê. Não sente. Não sonha.
Eu sei que o amor é paciente, que leva tempo para ser construído. Mas com você, eu pularia todas as etapas. Eu mergulharia de cabeça sem medo, ainda que as águas fossem turvas e traiçoeiras. E isso dói — porque você simplesmente não faria o mesmo.
Você é do tipo que entra na piscina pela escadinha, passo a passo, medindo a temperatura da água antes de se molhar. E eu? Eu sou aquela que se joga sem pensar, sem saber nadar, desejando que o impacto seja suficiente para nos afogar juntos.
Eu compraria uma casa à beira do mar só para ouvir você reclamar do cheiro de maresia. Porque amo o jeito que seus lábios se movem quando insiste em ter razão. Porque amo sua teimosia, mesmo quando ela me fere.
Mas o pior de tudo é como eu me perco em você. No meio de uma multidão, meus olhos buscam os seus, desesperados por um olhar, por um indício de que você me vê. E quando estamos a sós, me apego às migalhas que você deixa cair — aqueles breves instantes em que seus olhos pousam sobre mim, como se eu fosse algo mais do que passageira na sua vida.
Eu me apeguei à ideia de quem você poderia ser. A um "você" que, talvez, nem mesmo exista. Um personagem que criei baseado em fragmentos do seu passado, nas sombras dos seus antigos relacionamentos. E, ainda assim, é cruel. Cruel comigo, que finjo não querer nada sério, enquanto tudo que desejo é a certeza de que você ficará.
Mas não. Você está sempre com um pé fora da porta, esperando pelo próximo trem.
E eu? Eu fico. Mesmo sabendo que, no fim, você não ficará.