Leia ouvindo : From the Dining Table – Harry Styles
“Algumas histórias não precisam durar para serem inesquecíveis.”
Quatro dias. Quatro malditos dias.
Parecem semanas. Meses. Um universo inteiro de silêncio.
Quatro dias sem ele, e não — ele não morreu. Quem morreu fui eu. Ou pelo menos, a parte de mim que ainda acreditava que a gente podia dar certo.
Nosso ciclo acabou. Sem aviso. Sem glamour. Só aquela sensação sufocante de que o chão abriu e eu fui a única a cair.
E o pior?
Eu ainda sinto.
Sinto falta do jeito que ele me olhava antes de dizer alguma bobagem. Do riso dele — aquele som que tinha o poder de costurar o que a vida rasgava. Agora esse som vive só na minha cabeça, ecoando entre os espaços que ele deixou vazios.
As últimas palavras dele? Cortaram mais do que qualquer briga que já tivemos. Foram frias. Cirúrgicas. Como se ele estivesse arrancando com as próprias mãos tudo o que a gente era, e jogando fora sem olhar pra trás.
E eu? Eu fiquei com os cacos. Tentando entender como se varre um chão que foi feito de nós dois.
A gente se viu pela última vez. E foi rápido. Mas, meu Deus, foi tudo. Um silêncio cheio de gritos não ditos. Um pedido de desculpas sufocado entre sorrisos tristes. Eu vi nos olhos dele — ele queria. Queria tanto quanto eu. Mas querer não basta quando o tempo é inimigo e o mundo insiste em puxar para lados opostos.
Talvez, em outra vida.
Talvez, se a gente não estivesse tão bagunçado.
Talvez, se amar fosse suficiente.
Mas não foi.
Então eu guardo. Cada detalhe. A curva da boca, o brilho hesitante no olhar, o jeito como a mão dele demorou segundos a mais para soltar a minha.
E tá tudo aqui. Não como peso. Mas como cicatriz bonita. Aquele tipo de lembrança que dói e cura ao mesmo tempo.
A verdade é que, mesmo que outro amor chegue — e um dia vai —, nunca vai ser igual. Porque nós fomos caos. Fogo. Início e fim ao mesmo tempo.
E tá tudo bem.
Porque agora, pela primeira vez, eu não tô tentando apagar ele. Tô aprendendo a deixar que a ausência dele me molde. Não como um buraco a ser preenchido, mas como solo fértil. Um espaço meu. Onde só eu decido o que cresce.
Tô escolhendo a mim.
Tô reconstruindo minha história com as palavras que um dia me faltaram. Tô recolhendo os pedaços com cuidado, como quem entende que até o que quebrou merece ser amado.
Sim, eu amei ele. Muito.
Mas agora eu preciso amar a mim com mais força ainda.
E se tem algo que ele me ensinou, mesmo sem saber, é isso:
Eu sou suficiente. Sempre fui.
Mesmo quando chorei no banheiro.
Mesmo quando tentei disfarçar o nó na garganta com um sorriso.
Mesmo quando ninguém ficou.
Eu fiquei.
Essa história não terminou.
Ela só mudou de protagonista.
Agora sou eu quem escreve.
Vica.