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Mostrando postagens de dezembro, 2024

Entre abismos e corações

 Entre abismos e corações Desde o momento em que te conheci, algo em mim despertou. Você tem o estranho poder de me mostrar quem realmente sou, mesmo quando tento esconder. Ontem à noite, quando você foi tão sincero comigo, minhas barreiras caíram. Cada palavra sua foi um convite para que eu enxergasse além do que você tenta proteger, e, mesmo assim, você acredita que não é digno do amor que eu sinto.   Eu sei que pode parecer loucura dizer que sou o que você precisa, mas não consigo ignorar o que vejo em você — a luta constante, a maneira como constrói muros altos para se proteger. Você me disse que, quando se entrega, é como cair num abismo sem fim, e o medo de se machucar novamente te prende. Entendo isso, mais do que deveria.   Mas o que é louco é que, mesmo com toda a minha audácia, mesmo com a certeza que tento projetar, dizer isso em voz alta ainda parece demais para mim. Quem sou eu para afirmar que sou o que você precisa? Talvez eu não seja. Talvez eu e...

Nada disso pode ser apagado, nos somos indeléveis.

Ontem, você me disse que somos impossíveis. Que nunca será metade do que acha que eu mereço. E, por mais que eu tente ignorar, suas palavras cortam fundo, como se algo dentro de mim fosse se despedaçando, pouco a pouco. Porque dói. Dói saber que você acredita nisso. Dói ainda mais porque eu não acredito. Você diz que é para o meu bem, como se estivesse me protegendo de você mesmo. Mas eu vejo o que você não diz. Eu sinto. É medo, não é? Medo do que podemos ser. Medo de ser bom demais e, ao mesmo tempo, não ser suficiente. E toda vez que você fala assim, que se coloca tão longe de mim, sinto meu coração congelar um pedaço a mais. Como se você estivesse construindo uma parede entre nós, e eu, teimosa, continuasse batendo de frente, esperando que, em algum momento, você seja honesto comigo. Por que não pode me deixar decidir? Por que não pode apenas acreditar em mim? Eu não quero metades. Eu nunca quis. O que quer que você ache que tem a me oferecer, é isso que eu quero. Todo o caos. Todo...

Querido, estou desligando as luzes. - Vica Russo

Leia ouvindo : The night we met - Lord Huron Ainda não estou bêbada. Não ainda. Talvez porque quero lembrar cada palavra enquanto escrevo. Talvez porque hoje, mesmo com o cansaço me pesando as pálpebras, precisei abrir o notebook. Deveria ser um dia feliz, não deveria? Natal. Luzes piscando. Gente rindo e abraçando. Mas aqui estou eu, sentindo essa tristeza que arranha a alma. Sozinha, no meio de um caos que ninguém vê. O ano de 2024 foi uma loucura. Um completo escuro, até que você apareceu. Como quem acende uma vela num quarto esquecido. Por um instante, parecia que tudo fazia sentido. Nós fazíamos sentido. Mas agora… eu não precisei de nove dias para te perder. Eu nunca te tive, e mesmo assim, dói como se tivesse. Não dói porque você é o amor da minha vida. Não dói porque vai ser insuportável não ter você. Não dói porque você acendeu luzes que eu jurava que estavam mortas. Não. Dói porque você encontrou uma parte de mim que eu já tinha desistido de procurar. Você pegou meus pedaços ...

Arquivo Pessoal: Confissões de Alguém Que Está Tentando se Descobrir (E Talvez Fugir um Pouco Também)

Leia ouvindo : Liability - Lorde Talvez essa seja a coisa mais estranha que já fiz. Escrever sobre mim. Não porque eu ache minha vida interessante (spoiler: não é), mas porque, pela primeira vez, alguém me perguntou: "O que você gosta?" E eu… travei. Simples assim. Fiquei olhando pra pessoa como se ela tivesse me pedido pra resolver uma equação de física quântica bêbada. Foi aí que percebi: eu não fazia ideia. Tudo que eu achava que gostava era reflexo de alguém. As músicas, os filmes, até os lugares. E no fundo, eu tava cansada de ser só isso — o que sobrou depois de tentar agradar o mundo inteiro. Então eu escrevi. Não pra impressionar ninguém. Não pra te fazer entender. Escrevi pra mim. Pra lembrar de quem sou quando ninguém tá olhando. Porque, às vezes, a gente precisa se apaixonar por si mesma… só pra conseguir partir. Uma vez você me disse: "Eu preciso saber das coisas que você gosta." E eu ri. Aquele tipo de riso que não tem graça nenhuma, só ecoa. Seco. V...

9 Dias para te perder

Hoje faltam exatamente 9 dias para te perder. E eu sei disso porque contei cada um deles, como quem marca os batimentos finais de um coração prestes a parar. Nove dias para você ir embora e deixar para trás tudo o que nunca quis admitir que tínhamos. Talvez você nem tenha deixado de ser quem era antes de mim. Talvez eu tenha sido apenas uma pausa entre seus passos em direção ao nada. Eu lembro como foi tocar sua boca pela primeira vez. O instante em que nossas respirações se confundiram, e eu senti que o amor podia ser mais do que uma palavra clichê. Com você, o amor parecia real, quase tangível. Mas, agora, me pergunto: e para você? Foi apenas um momento, sem promessas, sem destino? Ou algo que você quis tanto quanto eu, mas teve medo de chamar pelo nome? Eu queria muito te contar. Dizer que essas palavras são pra você. Mas não posso. Não depois de tudo que já confessei. Depois de abrir minha alma e ainda assim nos encontrarmos presos no mesmo lugar, com os mesmos rótulos que você i...

O Destino de Dois Planetas

Quando nos conhecemos, eu soube. Não foi uma explosão de luzes ou uma epifania mágica, mas algo muito mais profundo. Como se o universo, em sua teimosia silenciosa, finalmente tivesse decidido que era hora. Durante meses, dividimos o mesmo espaço, a mesma cidade, o mesmo prédio. Eu estava ali. Ele estava ali. Mas nossas vidas orbitavam, como dois planetas tão próximos e, ao mesmo tempo, inalcançáveis. E então aconteceu. Um dia qualquer, um instante aparentemente banal. Nossos olhares se encontraram. Não foi só química; foi gravidade. Uma força que me puxou, que me fez esquecer o mundo ao redor. Seus olhos pareciam me reconhecer, como se houvesse algo ali que eu mesma desconhecia. Em uma fração de segundo, senti como se tivesse vivido com ele todas as vidas que nunca vivi. Meu coração disparou, mas não por nervosismo. Foi como encontrar um ritmo certo, familiar e devastador ao mesmo tempo. Diante dele, senti que estava diante de algo inevitável, algo que sempre existiu, esperando o mome...

Por nós dois

O amor não existe nesta geração. Tudo se resume a momentos fugazes, carências vestidas de paixão, desejos mascarados de eternidade. Ele fala isso com uma convicção quase cruel, como se estivesse determinado a apagar qualquer fagulha de esperança antes que ela se torne chama. Mas por ele, eu aceitei acreditar que as coisas efêmeras podem, sim, ter peso. Por ele, criei uma playlist. Cada música escolhida como uma moldura para lembrar seus traços. Para não esquecer as ruguinhas que aparecem no canto dos olhos quando ele ri de algo bobo ou quando fala algo que, aos seus olhos, é brilhante. Aquelas pequenas marcas que o tempo deixou nele, e que ele talvez odeie, mas que para mim são evidências da sua beleza mais honesta. Por ele, aprendi quem é Maria. Não porque ele pediu, mas porque precisava de algo maior do que eu para acreditar que ele ficaria bem. Aprendi a rezar o terço, mesmo quando as contas pareciam deslizar pelos meus dedos como areia, porque cada oração era uma súplica. Um pedido...

Pele aberta

Eu já senti frio, um frio que cortava como lâminas, mas me recusei a vestir a blusa. Porque é assim que eu lido com 99% dos meus problemas: de peito aberto, encarando o vento gelado, esperando para sentir o impacto quando a bala atravessa a pele e faz seu estrago. É assim que eu sou, e por mais clichê que pareça, não quero ser diferente. Existe algo visceral em enfrentar a vida sem proteções, em construir o meu próprio destino, ainda que ele esteja ancorado em uma areia movediça. E dai? A vida está aí para ser vivida, para ser sentida, para que eu me jogue sem medo de quebrar. Mesmo que as escolhas me tragam dores lancinantes, noites insones e uma sanidade em frangalhos. Assim como me recuso a me proteger do frio, também me recuso a não criar memórias — ainda que sejam memórias ruins. Porque uma pessoa sem memórias, mesmo as mais dolorosas, é uma pessoa que nunca viveu, que nunca sentiu o calor e o gelo da existência. E eu não quero ser assim. Eu não quero fracassar nisso. Quero carreg...

Visceral

Ler escutando : Assovio Era um tormento silencioso, um mal que apenas os corações mais vulneráveis conhecem. Amar com intensidade, e ainda assim ter medo de se entregar por completo, era como estar preso entre ondas incertas, onde a calma e a tempestade pareciam coexistir. A cada batida do coração, surgiam dúvidas — não sobre o amor, mas sobre o que viria depois dele. Ela já havia dado tudo de si, sem reservas, sem limites. Cada sorriso, cada toque era como uma chama que alimentava suas esperanças, mas também acendia um medo crescente. O medo de que, mesmo com toda a entrega, algo pudesse separá-los — um passado, uma lembrança ou até mesmo o medo de que o tempo não fosse suficiente para manter aquilo vivo. O pensamento de ser deixada era seu maior temor. Ela amava de maneira visceral, intensa, e isso tornava qualquer perspectiva de abandono uma ferida aberta. A ideia de que ele pudesse olhar para trás, mesmo que por um breve instante, era como uma dor constante, um espectro que ela não...