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Mostrando postagens de março, 2025

Cartas para Vica, por Augusto Castillo

Querida Vica, Eu te amei como um incêndio devasta uma floresta. Rápido, voraz, incontrolável. Um amor que queimou tudo em seu caminho, que se alimentou do próprio desejo até não restar mais nada além de cinzas. E agora, sou só fuligem do que fomos. Espalhada pelo vento, dissolvida no tempo, assombrando tudo o que toca porque mesmo que o fogo tenha se apagado, ainda há vestígios dele em mim. Ainda ardo. Ainda sou ruína. Quero que você entenda. Quero que leia isso e saiba que não foi mentira. Nada foi encenação. Nenhuma palavra foi dita apenas para te manter aqui. Eu quis. Eu quis cada segundo, cada riso espontâneo, cada arrepio que sua pele causava na minha. Eu quis o calor dos seus dedos entrelaçados nos meus, a sensação absurda de sermos dois estranhos que, por alguma ironia do destino, se encaixaram perfeitamente mesmo quando tudo dizia que nunca deveríamos ter nos encontrado. Você me deu um amor sem amarras, sem correntes e isso me assustou. Porque eu sou feito de grades, de muros e...

Ode à Ruína de Nós Dois

Ó doce tormento, cruel e arrebatador, que nos consome na febre do desejo! Somos dois errantes, desalmados pelo amor, entrelaçados não pelo afeto eterno, mas pelo fogo efêmero da carne. Quando nos encontramos, não é apenas corpo contra corpo é alma clamando em agonia, é guerra travada entre lençóis, onde a paz só existe no exato momento em que o prazer nos toma e nos faz esquecer quem somos. Mas, ai de nós! O tempo não perdoa, e a ilusão da eternidade se desfaz ao amanhecer. Pois nunca fomos um do outro, ainda que nossos corpos mintam com fervor. Eu almejo o mundo, desejo a liberdade, anseio por um legado que ecoe além da mortalidade. Mas, acima de tudo, quero um amor. Um amor que me despoje do medo e me vista de coragem. Um amor que seja farol nas noites tempestuosas. Um amor que se sustente não apenas no calor da pele, mas na promessa eterna dos olhares. Mas ele… ele deseja a grandeza. Busca o firmamento e o domínio do tempo, quer seu nome esculpido nos mármores da história, entoado...

Cartas a um amor que ainda não encontrei ou não me encontrou. - Ludovica Russo

Leia ouvindo : From the start - Laufey Dizem que a gente sabe quando é amor. Que o coração dispara, o tempo desacelera, e tudo ao redor ganha um novo brilho. Mas ninguém conta como é amar antes de encontrar. Como é viver com a falta de alguém que nunca chegou. Como é carregar um espaço vazio dentro do peito, feito sob medida pra um estranho que ainda não conhece seu nome mas que, de algum jeito, já mora em você. Talvez pareça loucura. Talvez seja mesmo. Mas eu sei o que eu sinto. E mesmo que o mundo duvide, eu acredito nesse cara. Nesse amor que ainda não me encontrou. E hoje… pela primeira vez, eu resolvi escrever pra ele. Minha terapeuta disse pra eu escrever sobre o homem dos meus sonhos. Tipo exercício de autoconhecimento. Eu ri. Quase fiz uma piada. Mas aqui estou, encarando uma folha em branco e ouvindo Ordinary , do Alex Warren, como se isso fosse me salvar da avalanche que começa no peito. Eu nunca conheci esse cara. Mas ele vive em mim, de um jeito meio invisível, como ch...

Cartas para Augusto - 1

Querido Augusto, Eu sei que essa escolha foi minha. Sei que fui eu quem decidiu seguir por esse caminho. Mas ainda assim, sinto sua falta todos os dias, como se uma parte essencial de mim tivesse sido arrancada sem aviso. Há um vazio dentro de mim que só tem o seu nome. Pedi que apagassem nossas fotos, mas a verdade é que não tive coragem. Nem mesmo de deletar nossas conversas. Até aquelas repletas de farpas e palavras duras, porque, por mais que doessem, eram suas palavras. Às vezes, dou play nos seus áudios só para ouvir sua voz. Leio nossas mensagens antigas, aquelas que você me enviava quando ainda era apaixonado por mim quando sua presença era uma certeza, não uma lembrança. Guardo cada presente que você me deu como se fossem relíquias, como se segurá-los pudesse me trazer você de volta, nem que fosse por um segundo. E eu sei que deveria parar. Sei que deveria seguir em frente. Mas não consigo evitar. Ainda entro no seu perfil, mesmo que apenas para verificar se você atualizou...

Caos e poesia

 Foi numa sexta-feira que eu renasci. Descobri que a vida não tinha acabado  que aos 24 anos eu ainda era um rascunho aberto, livre para errar, recomeçar, dar certo. Que o mundo lá fora ainda guardava pores do sol que eu nem imaginava, e amanheceres inteiros esperando para me ver chegar despenteada, com o coração na mão e os olhos brilhando. Foi numa sexta-feira que eu entendi que a vida é boa, mesmo quando dói, mesmo quando parece não fazer sentido. Que eu mereço rir até a barriga arder, até faltar o ar, até não sobrar espaço para a tristeza. Descobri que não há nada de errado em ser um pouco louca, em sentir tudo como se cada emoção fosse a última. A intensidade sempre foi a parte mais bonita de mim é ela que costura minha história, que pinta cada capítulo com cores vivas. Sem ela, quem eu seria? Foi numa sexta-feira, um dia depois de duvidar se tudo isso valia a pena, que eu percebi: ser assim me trouxe até aqui. E que sorte a minha. Porque aqui é exatamente onde eu deveria...