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Mostrando postagens de abril, 2025

Overexposed - Galeria do Pecado

  Nem todo clique é pra guardar. Alguns são só pra queimar. Leia ouvindo : Take me to church - Hozier Fuder com você no mesmo lugar sempre seria como tirar a mesma foto todos os dias, com o mesmo filtro, a mesma luz, o mesmo cenário. Funciona. É bonito. Mas deixa de ser arte e vira costume. E eu não quero o costume. Quero a surpresa. O imprevisível. O instante antes do clique em que a gente nem sabe se vai dar certo, mas mesmo assim aperta o botão — ou tira a roupa. Fuder em lugares diferentes com você é como testar cada luz de um estúdio bagunçado. Na cama, é luz difusa. Doce. Familiar. Na escada do prédio, é flash estourado — rápido, suado, urgente. No carro, com o banco reclinado e os vidros embaçados, é como fotografar em movimento: tudo pode sair borrado, mas o sentimento fica. No banheiro de um bar qualquer, é ISO alto e adrenalina — arriscado, ruidoso, mas impossível de esquecer. Na praia, no escuro, com areia colando na pele e a respiração atravessada, é como tentar captura...

Cartas para Vica - 70 por cento, adeus por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : State Lines Ludovica, Essa é a quinta carta que te escrevo. Quinta tentativa de te alcançar com as palavras que, durante tanto tempo, ficaram presas entre os dentes, engasgadas na garganta, silenciosas dentro de mim. E antes de qualquer coisa — antes de qualquer confissão, justificativa ou lembrança — eu queria saber como você está. De verdade. Espero que as coisas tenham se acalmado aí dentro... Dentro do peito, da cabeça, das noites insones. Espero que o turbilhão tenha dado espaço pra alguma paz, ainda que tímida, como quem chega devagar depois de uma tempestade longa demais. Agora que você sabe que me apaixonei por você no instante em que meus olhos te encontraram — e isso não é exagero, é memória cravada — eu posso dizer o resto. Porque o amor mesmo, o amor inteiro, aconteceu depois... Quando você passou a ser parte da minha rotina, da minha desordem, do meu silêncio. Te amei mais nas pequenas coisas: na forma como você dobrava as mangas da blusa, no barulho q...

Cartas para a Vica - O que eu nunca disse em voz alta por Agusto Castillo

  Leia ouvindo : To Build a Home Querida Vica, Na última carta, meus dedos tremiam tanto que molharam o teclado — não sei se era suor ou as lágrimas que eu jurei não deixar cair. Pra te explicar tudo, preciso voltar. E voltar, Vica, é como abrir uma caixa antiga, cheia de lembranças que ainda têm cheiro, cor, peso. Dói. Mas você merece saber. Você sempre mereceu a verdade nua, mesmo quando eu me escondia por trás do silêncio. Então vamos continuar... Nos tornamos inseparáveis desde o primeiro beijo — como se nossos lábios tivessem selado um pacto antigo, desses que a alma reconhece antes da mente entender. Depois do nosso primeiro encontro, passamos a nos ver com frequência quase religiosa. Você cantava nas noites — e como cantava... — e eu trabalhava incansavelmente durante o dia. Mas mesmo quando o mundo não conspirava a favor, quando nossos horários não se alinhavam, a gente dava um jeito. Longas chamadas de vídeo viraram nosso abrigo. Você do outro lado da tela, rindo, cantando...

Cartas para Vica - Costurada a mim por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : Je te laisserai des mots - Patrick Watson Querida Vica, Ainda me falta coragem. Ainda tropeço nas palavras, mesmo quando elas só precisam alcançar o papel. Mas continuo aqui — tentando. Porque há coisas que você precisa saber. Coisas que ficaram entaladas entre os silêncios que eu empilhei, achando que estavam me protegendo, quando na verdade só me afastavam de você. Na última carta, confessei que me apaixonei por você no dia em que te conheci. Mas isso... isso foi só o começo. A verdade é que naquele dia — quando você sorriu sem perceber, mexendo no cabelo como se o mundo não estivesse prestes a virar do avesso — alguma coisa dentro de mim cedeu. Como se o universo, esse velho teimoso, tivesse finalmente apontado o dedo e dito: é ela. E a gente sabe que o problema dos começos é que a gente nunca imagina o que vem depois. O quanto vai doer. O quanto vai marcar. Mas eu tô pronto pra contar. Pra te dar o que te neguei: a verdade inteira. Naquele dia, tudo se resumiu ...

Cartas para Vica - Para o verão que me queimou por Augusto Castillho

Ludovica Russo e Augusto Castillo Leia ouvindo : Cherry Wine - Hozier   Querida Vica, Não sei por onde começar, então vou começar pelo que mais pesa: eu te devo explicações. Por cada silêncio que gritou entre nós. Por cada confusão que plantei sem coragem de colher. Por tudo que deixei subentendido quando você só queria clareza. Talvez agora, com a distância me engasgando e a saudade fazendo morada, eu consiga te contar tudo o que nunca consegui dizer em voz alta. Não é uma tentativa de reconquistar, nem uma desculpa enfeitada — é apenas a verdade, crua, talvez atrasada, mas ainda assim necessária. Preciso que você saiba, de uma vez por todas, o que realmente aconteceu. Por que me calei, por que me afastei, por que fiz parecer que o problema era você... quando, na verdade, era tudo aqui dentro. Então aqui vai. A história do dia em que eu me tornei, talvez, o homem mais covarde da Terra. Covarde porque já sabia — desde antes do primeiro passo em sua direção — que aquilo era um incên...