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D&D

Nenhuma de nós esta certa.

  Tem dias em que eu sinto que minha cabeça é uma arena sangrenta. Duas versões de mim se encaram como gladiadoras, afiando as armas enquanto eu tento, em vão, pedir silêncio. Mas silêncio não existe aqui dentro. O que existe é guerra. É sangue. É a sensação de que, não importa quem vença, eu sempre perco um pedaço de mim no processo. E, ainda assim, eu deixo que elas lutem. Porque talvez, no fundo, eu precise da dor para lembrar que estou viva. Leia ouvindo : Bury a friend - Billie Eilish Existem duas versões de mim. Elas moram dentro da minha cabeça e nunca param de brigar. Uma é fria, racional, quase cruel. A outra... a outra é emoção pulsando, um coração que insiste em apanhar só pra provar que ainda bate. A racional prevê a queda antes mesmo de eu dar o primeiro passo. Ela sussurra como quem me mostra um mapa com todas as armadilhas marcadas em vermelho. "Você vai se machucar. De novo. É óbvio. Corre. Some. Fecha a porta antes que seja tarde. Você já sabe o final dessa h...
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XVIII de Agosto-25

Leia ouvindo : Here's your perfect -Jamie Miller Ó vós que sois o tormento e a luz de meus olhos, escutai este suspiro que nasce da carne e da alma! Antes mesmo que minhas mãos toquem o papel, meu coração clama por vossa lembrança, e a boca ousa murmurar vosso nome em segredo. Que o céu, cúmplice e cruel, me conceda apenas a lembrança de vosso olhar, pois jamais me foi dado possuir-vos. Eis aqui minha alma exposta, à mercê do capricho do destino, ardendo em cada sílaba, sangrando em cada silêncio e ainda assim, em toda a dor, agradeço o breve instante em que nossos mundos se tocaram. Ó destino cruel, que em vossa astúcia me lançastes diante de um par de olhos castanhos apenas para me condenar ao tormento da memória! Pois, desde o instante em que vossa face se voltou à minha, jurei  não com palavras, mas com o coração em silêncio  que jamais vos esqueceria. Vede como vossa lembrança arde em mim: como se o próprio tempo tivesse parado para pintar em minha alma o retrato do vosso...

Felicidade essa vagabunda volúvel - Ludovica Russo

A vida não para. Não importa se você tá chorando no chão do banheiro ou encarando o teto como se ele fosse te devolver alguma resposta. O mundo gira, os boletos vencem, os bebês nascem e os velórios continuam a acontecer. A garçonete serve o mesmo café requentado pra estranhos que também fingem estar bem, e ninguém liga que você se sente sozinha. Spoiler : ninguém nunca ligou de verdade. Não tem trilha sonora, não tem câmera lenta. A solidão chega sem avisar e sem flores. Ela se instala como um ex mal resolvido: silenciosa, pegajosa e cheia de razão. A gente cresce achando que vai viver um amor cinematográfico. Que alguém vai entrar na nossa vida com cara de “bad boy reformado” e dizer com aquele sorrisinho torto: “eu escolhi você” . Que a gente vai se encaixar no peito de alguém e, magicamente, todos os nossos traumas vão se dissolver feito açúcar no café quente. Mas a realidade? O amor não é um mocinho de comédia romântica. Ele some, bloqueia, visualiza e não responde. Ele diz “vo...

Nota Fiscal do Amor: Aguardando Emissão - Ludovica Russo

Às vezes a gente se apaixona primeiro pela ideia... e depois torce pra pessoa dar conta da expectativa."  Notas de uma geminiana que sente demais, pensa dobrado e finge controle absoluto sobre tudo (inclusive o coração). Domingo. Aquele dia da semana que parece um intervalo entre a realidade e o devaneio. O dia em que até minha lua em Capricórnio tira folga do autocontrole, meu ascendente em Virgem suspende os protocolos emocionais e minha alma geminiana decide escrever uma carta  pra você. Você, que ainda não tem nome, nem cheiro, nem arroba no Instagram. Mas que, misteriosamente, já mora nas entrelinhas das minhas playlists melancólicas e nos cenários dramáticos que crio na minha cabeça enquanto lavo a louça (porque, sim, até meu romantismo é multitarefa). Essa é a minha carta para o quase. O talvez. O “ainda não, mas tomara que sim”. Um texto sobre o caos delicadamente roteirizado de imaginar um amor antes dele acontecer  com toques de sarcasmo, introspecção e um vinho...

Overexposed - Galeria do Pecado

  Nem todo clique é pra guardar. Alguns são só pra queimar. Leia ouvindo : Take me to church - Hozier Fuder com você no mesmo lugar sempre seria como tirar a mesma foto todos os dias, com o mesmo filtro, a mesma luz, o mesmo cenário. Funciona. É bonito. Mas deixa de ser arte e vira costume. E eu não quero o costume. Quero a surpresa. O imprevisível. O instante antes do clique em que a gente nem sabe se vai dar certo, mas mesmo assim aperta o botão  ou tira a roupa. Fuder em lugares diferentes com você é como testar cada luz de um estúdio bagunçado. Na cama, é luz difusa. Doce. Familiar. Na escada do prédio, é flash estourado rápido, suado, urgente. No carro, com o banco reclinado e os vidros embaçados, é como fotografar em movimento: tudo pode sair borrado, mas o sentimento fica. No banheiro de um bar qualquer, é ISO alto e adrenalina arriscado, ruidoso, mas impossível de esquecer. Na praia, no escuro, com areia colando na pele e a respiração atravessada, é como tentar captura...

Cartas para Vica - 70 por cento, adeus por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : State Lines Ludovica, Essa é a quinta carta que te escrevo. Quinta tentativa de te alcançar com as palavras que, durante tanto tempo, ficaram presas entre os dentes, engasgadas na garganta, silenciosas dentro de mim. E antes de qualquer coisa  antes de qualquer confissão, justificativa ou lembrança — eu queria saber como você está. De verdade. Espero que as coisas tenham se acalmado aí dentro... Dentro do peito, da cabeça, das noites insones. Espero que o turbilhão tenha dado espaço pra alguma paz, ainda que tímida, como quem chega devagar depois de uma tempestade longa demais. Agora que você sabe que me apaixonei por você no instante em que meus olhos te encontraram  e isso não é exagero, é memória cravada  eu posso dizer o resto. Porque o amor mesmo, o amor inteiro, aconteceu depois... Quando você passou a ser parte da minha rotina, da minha desordem, do meu silêncio. Te amei mais nas pequenas coisas: na forma como você dobrava as mangas da blusa, ...

Cartas para a Vica - O que eu nunca disse em voz alta por Agusto Castillo

  Leia ouvindo : To Build a Home Querida Vica, Na última carta, meus dedos tremiam tanto que molharam o teclado não sei se era suor ou as lágrimas que eu jurei não deixar cair. Pra te explicar tudo, preciso voltar. E voltar, Vica, é como abrir uma caixa antiga, cheia de lembranças que ainda têm cheiro, cor, peso. Dói. Mas você merece saber. Você sempre mereceu a verdade nua, mesmo quando eu me escondia por trás do silêncio. Então vamos continuar... Nos tornamos inseparáveis desde o primeiro beijo  como se nossos lábios tivessem selado um pacto antigo, desses que a alma reconhece antes da mente entender. Depois do nosso primeiro encontro, passamos a nos ver com frequência quase religiosa. Você cantava nas noites  e como cantava...  e eu trabalhava incansavelmente durante o dia. Mas mesmo quando o mundo não conspirava a favor, quando nossos horários não se alinhavam, a gente dava um jeito. Longas chamadas de vídeo viraram nosso abrigo. Você do outro lado da tela, rindo...

Cartas para Vica - Costurada a mim por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : Je te laisserai des mots - Patrick Watson Querida Vica, Ainda me falta coragem. Ainda tropeço nas palavras, mesmo quando elas só precisam alcançar o papel. Mas continuo aqui tentando. Porque há coisas que você precisa saber. Coisas que ficaram entaladas entre os silêncios que eu empilhei, achando que estavam me protegendo, quando na verdade só me afastavam de você. Na última carta, confessei que me apaixonei por você no dia em que te conheci. Mas isso... isso foi só o começo. A verdade é que naquele dia quando você sorriu sem perceber, mexendo no cabelo como se o mundo não estivesse prestes a virar do avesso alguma coisa dentro de mim cedeu. Como se o universo, esse velho teimoso, tivesse finalmente apontado o dedo e dito: é ela. E a gente sabe que o problema dos começos é que a gente nunca imagina o que vem depois. O quanto vai doer. O quanto vai marcar. Mas eu tô pronto pra contar. Pra te dar o que te neguei: a verdade inteira. Naquele dia, tudo se resumiu a um b...

Cartas para Vica - Para o verão que me queimou por Augusto Castillho

Ludovica Russo e Augusto Castillo Leia ouvindo : Cherry Wine - Hozier   Querida Vica, Não sei por onde começar, então vou começar pelo que mais pesa: eu te devo explicações. Por cada silêncio que gritou entre nós. Por cada confusão que plantei sem coragem de colher. Por tudo que deixei subentendido quando você só queria clareza. Talvez agora, com a distância me engasgando e a saudade fazendo morada, eu consiga te contar tudo o que nunca consegui dizer em voz alta. Não é uma tentativa de reconquistar, nem uma desculpa enfeitada  é apenas a verdade, crua, talvez atrasada, mas ainda assim necessária. Preciso que você saiba, de uma vez por todas, o que realmente aconteceu. Por que me calei, por que me afastei, por que fiz parecer que o problema era você... quando, na verdade, era tudo aqui dentro. Então aqui vai. A história do dia em que eu me tornei, talvez, o homem mais covarde da Terra. Covarde porque já sabia  desde antes do primeiro passo em sua direção  que aquilo ...

Cartas para Vica, por Augusto Castillo

Querida Vica, Eu te amei como um incêndio devasta uma floresta. Rápido, voraz, incontrolável. Um amor que queimou tudo em seu caminho, que se alimentou do próprio desejo até não restar mais nada além de cinzas. E agora, sou só fuligem do que fomos. Espalhada pelo vento, dissolvida no tempo, assombrando tudo o que toca porque mesmo que o fogo tenha se apagado, ainda há vestígios dele em mim. Ainda ardo. Ainda sou ruína. Quero que você entenda. Quero que leia isso e saiba que não foi mentira. Nada foi encenação. Nenhuma palavra foi dita apenas para te manter aqui. Eu quis. Eu quis cada segundo, cada riso espontâneo, cada arrepio que sua pele causava na minha. Eu quis o calor dos seus dedos entrelaçados nos meus, a sensação absurda de sermos dois estranhos que, por alguma ironia do destino, se encaixaram perfeitamente mesmo quando tudo dizia que nunca deveríamos ter nos encontrado. Você me deu um amor sem amarras, sem correntes e isso me assustou. Porque eu sou feito de grades, de muros e...