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D&D

Amar não é piegas - Ella B

Leia ouvindo : Pudim - AMARINA Fingir que não se importa é mais exaustivo do que admitir que sente falta. Eu sei, porque eu tentei. Tentei do jeito que a gente tenta tudo que dói, mas parece certo. Fingir que o carnal era suficiente. Que me fazer de indiferente me protegeria de querer demais. Eu tentei acreditar que bastava um toque, um suspiro rápido, um "chega mais" na madrugada. Que bastava uma noite, uma conversa rasa, uma troca de olhares intensos pra preencher o buraco que crescia dentro de mim. Mas não bastava. Nunca bastou. Falam que leva vinte e um dias para criar um hábito, e eu queria acreditar nisso como quem se agarra numa tábua no meio de um mar revolto. Vinte e um dias e eu não sentiria mais falta de afeto. Vinte e um dias e o vazio no peito iria embora. Vinte e um dias e eu me transformaria naquela garota que não precisa de ninguém, que transa sem se apegar, que beija sem criar laços, que sai no meio da madrugada sem olhar pra trás. Mentira. O afeto ain...
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Felicidade essa vagabunda volúvel - Ella Belizzato

A vida não para. Não importa se você tá chorando no chão do banheiro ou encarando o teto como se ele fosse te devolver alguma resposta. O mundo gira, os boletos vencem, os bebês nascem e os velórios continuam a acontecer. A garçonete serve o mesmo café requentado pra estranhos que também fingem estar bem, e ninguém liga que você se sente sozinha. Spoiler : ninguém nunca ligou de verdade. Não tem trilha sonora, não tem câmera lenta. A solidão chega sem avisar e sem flores. Ela se instala como um ex mal resolvido: silenciosa, pegajosa e cheia de razão. A gente cresce achando que vai viver um amor cinematográfico. Que alguém vai entrar na nossa vida com cara de “bad boy reformado” e dizer com aquele sorrisinho torto: “eu escolhi você” . Que a gente vai se encaixar no peito de alguém e, magicamente, todos os nossos traumas vão se dissolver feito açúcar no café quente. Mas a realidade? O amor não é um mocinho de comédia romântica. Ele some, bloqueia, visualiza e não responde. Ele diz “vo...

Se for ficar - Ella Belizzato

  Leia ouvindo : Nos ANAVITORIA Me avisa com o corpo inteiro. Porque eu não tenho tempo pra me apegar a metades, nem estômago pra digerir silêncios que gritam. Eu já passei noites demais tentando entender olhares confusos, palavras deixadas pela metade, desculpas disfarçadas de profundidade emocional. E eu sei — você não é simples. Você é esse tipo de caos silencioso que parece calmo, mas arrasta tudo por dentro. E eu não sou o tipo que tem medo disso. Na verdade, você me intriga. Me fascina essa sua mania de fingir que não sente, quando o mundo inteiro pode ver que você se treme por dentro. Eu vi, sabia? O jeito como você me olhou na primeira vez. Com aquele sorriso tímido, mas o olhar faminto. Como quem encontrou algo que não procurava, mas agora não sabe se consegue largar. Eu sou o tipo de mulher que sente demais e mostra de menos. Porque eu aprendi a controlar. Aprendi a amar sem me entregar de bandeja. Mas você… você me tirou da rota. Me fez pensar em você antes de dormir. Me...

Calahan: entre uma cerveja e um ranço.

Calahan. O nome dele soa como o de um inglês sexy que você encontra em uma noite fria, só que ele não veio com sotaque, mas com aquele mistério irresistível. Nos conhecemos no app de namoro, claro. Mas ao contrário de Melchiorre, que parecia mais um fantasma que passou pela minha vida, Calahan fez a coisa acontecer de um jeito diferente. Ele não se apressou. Conversa que fluía, piadinhas sem fim e risadas que vinham fáceis. Nos arrastamos por semanas de mensagens como quem testa o limite de uma tensão sexual no ar. Ele era mais velho, mas não o tipo de "velho" que me faz pensar em aposentadoria. Era o tipo de velho que te faz pensar que você está lidando com alguém que já viu a vida acontecer, sabe as palavras certas e a maneira certa de te fazer pensar que tem um futuro de risadas e café. E eu, que já estava exausta de caras imaturos, comecei a imaginar que ele fosse o cara que me faria esquecer aquele outro... mas claro, a vida tem uma maneira engraçada de quebrar expecta...

Beijo Ruim e Caipirinha com Melaço - Melchiorre

Ele veio como quem abre a porta do mausoléu dos dates ruins. O estreante, com nome bonito — daqueles que a gente lê num livro e sublinha pra batizar um filho futuro. O tipo de cara que se recusa a revelar o signo antes do terceiro encontro, como se o mapa astral dele fosse um segredo de Estado. Eu não fazia ideia, mas aquele primeiro gole caipirinha ia me levar por uma maratona de encontros errados. E tudo começou com Melchiorre. Leia ouvindo : Paparazzi - Lady Gaga Era sábado. Duas da tarde. Tinha acabado de sair do banho e minha alma tava tão limpa quanto meu histórico de relacionamentos sérios: zerado. Ainda enrolada na toalha — uma na cabeça, outra no corpo —, estava prestes a começar meu ritual de transformação. Esmalte, perfume, playlist de confiança. Foi aí que o celular vibrou em cima da penteadeira. Uma. Duas vezes. “Melchiorre mandou 2 mensagens.” Franzi o cenho. Melchiorre? Ah, o italiano fake com nome de personagem de novela de época. Aquele que eu tinha conhecido num...

Nota Fiscal do Amor: Aguardando Emissão - Ella B.

Às vezes a gente se apaixona primeiro pela ideia... e depois torce pra pessoa dar conta da expectativa." — Notas de uma geminiana que sente demais, pensa dobrado e finge controle absoluto sobre tudo (inclusive o coração). Domingo. Aquele dia da semana que parece um intervalo entre a realidade e o devaneio. O dia em que até minha lua em Capricórnio tira folga do autocontrole, meu ascendente em Virgem suspende os protocolos emocionais e minha alma geminiana decide escrever uma carta — pra você. Você, que ainda não tem nome, nem cheiro, nem arroba no Instagram. Mas que, misteriosamente, já mora nas entrelinhas das minhas playlists melancólicas e nos cenários dramáticos que crio na minha cabeça enquanto lavo a louça (porque, sim, até meu romantismo é multitarefa). Essa é a minha carta para o quase. O talvez. O “ainda não, mas tomara que sim”. Um texto sobre o caos delicadamente roteirizado de imaginar um amor antes dele acontecer — com toques de sarcasmo, introspecção e um vinho bem e...

Overexposed - Galeria do Pecado

  Nem todo clique é pra guardar. Alguns são só pra queimar. Leia ouvindo : Take me to church - Hozier Fuder com você no mesmo lugar sempre seria como tirar a mesma foto todos os dias, com o mesmo filtro, a mesma luz, o mesmo cenário. Funciona. É bonito. Mas deixa de ser arte e vira costume. E eu não quero o costume. Quero a surpresa. O imprevisível. O instante antes do clique em que a gente nem sabe se vai dar certo, mas mesmo assim aperta o botão — ou tira a roupa. Fuder em lugares diferentes com você é como testar cada luz de um estúdio bagunçado. Na cama, é luz difusa. Doce. Familiar. Na escada do prédio, é flash estourado — rápido, suado, urgente. No carro, com o banco reclinado e os vidros embaçados, é como fotografar em movimento: tudo pode sair borrado, mas o sentimento fica. No banheiro de um bar qualquer, é ISO alto e adrenalina — arriscado, ruidoso, mas impossível de esquecer. Na praia, no escuro, com areia colando na pele e a respiração atravessada, é como tentar captura...

Cartas para Vica - 70 por cento, adeus por Augusto Castillo

  Leia ouvindo : State Lines Ludovica, Essa é a quinta carta que te escrevo. Quinta tentativa de te alcançar com as palavras que, durante tanto tempo, ficaram presas entre os dentes, engasgadas na garganta, silenciosas dentro de mim. E antes de qualquer coisa — antes de qualquer confissão, justificativa ou lembrança — eu queria saber como você está. De verdade. Espero que as coisas tenham se acalmado aí dentro... Dentro do peito, da cabeça, das noites insones. Espero que o turbilhão tenha dado espaço pra alguma paz, ainda que tímida, como quem chega devagar depois de uma tempestade longa demais. Agora que você sabe que me apaixonei por você no instante em que meus olhos te encontraram — e isso não é exagero, é memória cravada — eu posso dizer o resto. Porque o amor mesmo, o amor inteiro, aconteceu depois... Quando você passou a ser parte da minha rotina, da minha desordem, do meu silêncio. Te amei mais nas pequenas coisas: na forma como você dobrava as mangas da blusa, no barulho q...